![]()
Se fosse pra ser, era tu.
Eu pensei em não escrever mais. Juro.
Mas tem coisas que a gente carrega, mesmo que o tempo passe e as mensagens não cheguem. Você é uma dessas coisas. Eu não te amo. Mas tem uma parte de mim que te escolheu — e talvez ainda escolha — numa versão da vida que eu não vivi. É estranho, mas é verdade. Às vezes eu penso em você como quem lembra de um sonho com cheiro, calor e cena, mas que não aconteceu. Penso em como você me olhava, como me puxou com as duas mãos no rosto como se soubesse. Como se já tivesse sido. Como se aquela noite não fosse a primeira, mas uma repetição. E talvez fosse. Talvez a gente já tenha se amado em outra vida. E nessa, a gente só se encostou pra lembrar. Você sumiu. E isso me cortou de um jeito diferente. Não foi o abandono. Não foi o silêncio. Foi o eco de tudo que poderia ter sido e não foi. Eu não fui romântica contigo. Não idealizei nem me rastejei. Mas dentro de mim tinha essa vozinha dizendo: esse aí é o teu certo — só que não agora, não assim. E olha, eu sobrevivi. Com todos os pesos da minha vida, eu continuei. Mas tem dias em que a tua lembrança me puxa pela cintura. Me faz duvidar se tudo foi só físico. Porque foi muito mais. Foi vibração, encaixe, pausa, gesto, desejo e uma puta sincronia. Mas pior que isso: tu foi a última ilusão bonita que tive. E, talvez, eu precisava guardar isso pra mim. Não pra te cobrar nada, nem pra te trazer de volta. Mas pra me lembrar que, sim, por um segundo, eu toquei uma vida que me cabia inteira. Se tu sentir algo parecido — finge que não. Se tu não sentir nada — finge também. Só precisava dizer: Tu foi meu certo que não foi. E eu te guardo… não no coração, mas num ponto exato do destino onde eu poderia ter sido feliz contigo.
Lume Lavoie
Enviado por Lume Lavoie em 27/03/2025
Comentários
|