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Backrooms
Backrooms.
Tenho consumido muito conteúdo espiritual, e isso tem me gerado turbilhões. Fico me perguntando: até onde vai o despertar? A infinidade de caminhos, a solitude, a ansiedade — a impaciência de quem quer “zerar o jogo” e não sabe nem que jogo é esse. Talvez eu tenha vindo pra Terra desconfortável mesmo. Pra finalmente questionar a porra toda dentro de mim. Fora de mim, sou impotente. Digo no sentido de mudar o mundo de forma grandiosa — mudo no dia a dia, nas pequenas coisas. Mas dentro… dentro de mim há infinitos. E nem todos são bons infinitos. Parece papo de jovem mística, e talvez seja. Mas a missão aqui está árdua, pra um caralho. E não é sobre a rotina. É sobre a densidade da coisa. A experiência é pesada, densa, drena. As felicidades ofertadas são superficiais — brindes do próprio sistema pra te manter nele. Mesmo assim, há um lugar dentro de mim que conhece o amor genuíno. Um amor completo. E é isso que me move. Mesmo quando duvido. Mesmo quando acho que é só mais uma esperança falsa — ainda que eu saiba, lá no fundo, que não é. Sinto que minha jornada é célere. Tem senso de urgência. E isso me assusta. Esse medo moldou a minha existência. Me fez desconfiar da paz, da pausa, da entrega. É conflitante estar aqui. Pensar demais é fracionar a existência. Cansativo. Me sinto num jogo sem saída. Se pulo, sou atingida por um ataque surpresa. Se me defendo, sou golpeada por trás. Se ataco, sou engolida por um chefão colossal. E quem sou eu afinal? NPC? Jogadora iniciante? Sem armadura, sem mapa, sem cheat? Talvez a magia seja o cheat. Mas não é a resposta. A fé… a fé é uma faca de dois gumes. Fortalece o life, mas também te deixa chapada. E isso pode confundir o caminho. Eu me sinto em um backrooms. Posso andar pra caralho e mesmo assim… ir pra lugar nenhum. E eu nem gosto de jogos.
Lume Lavoie
Enviado por Lume Lavoie em 23/03/2025
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