Lume Lavoie - Sem Filtros

Chegadas, partidas e toda a confusão do meio.

Textos

Backrooms
Backrooms.

Tenho consumido muito conteúdo espiritual, e isso tem me gerado turbilhões.
Fico me perguntando: até onde vai o despertar?
A infinidade de caminhos, a solitude, a ansiedade —
a impaciência de quem quer “zerar o jogo” e não sabe nem que jogo é esse.

Talvez eu tenha vindo pra Terra desconfortável mesmo.
Pra finalmente questionar a porra toda dentro de mim.
Fora de mim, sou impotente.
Digo no sentido de mudar o mundo de forma grandiosa —
mudo no dia a dia, nas pequenas coisas.
Mas dentro… dentro de mim há infinitos.
E nem todos são bons infinitos.

Parece papo de jovem mística, e talvez seja.
Mas a missão aqui está árdua, pra um caralho.
E não é sobre a rotina.
É sobre a densidade da coisa.
A experiência é pesada, densa, drena.
As felicidades ofertadas são superficiais —
brindes do próprio sistema pra te manter nele.

Mesmo assim, há um lugar dentro de mim que conhece o amor genuíno.
Um amor completo.
E é isso que me move.
Mesmo quando duvido.
Mesmo quando acho que é só mais uma esperança falsa —
ainda que eu saiba, lá no fundo, que não é.

Sinto que minha jornada é célere.
Tem senso de urgência.
E isso me assusta.
Esse medo moldou a minha existência.
Me fez desconfiar da paz, da pausa, da entrega.

É conflitante estar aqui.
Pensar demais é fracionar a existência.
Cansativo.
Me sinto num jogo sem saída.
Se pulo, sou atingida por um ataque surpresa.
Se me defendo, sou golpeada por trás.
Se ataco, sou engolida por um chefão colossal.

E quem sou eu afinal?
NPC? Jogadora iniciante?
Sem armadura, sem mapa, sem cheat?

Talvez a magia seja o cheat.
Mas não é a resposta.
A fé… a fé é uma faca de dois gumes.
Fortalece o life, mas também te deixa chapada.
E isso pode confundir o caminho.

Eu me sinto em um backrooms.
Posso andar pra caralho e mesmo assim…
ir pra lugar nenhum.

E eu nem gosto de jogos.
Lume Lavoie
Enviado por Lume Lavoie em 23/03/2025


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