Lume Lavoie - Sem Filtros

Chegadas, partidas e toda a confusão do meio.

Textos

Gaiola Dourada

Meu Vlad,
Sempre meu.

Alegro-me por sua vitória, ainda que eu mesma não possa vê-la. Sei que sua força e determinação o levariam a nada menos que o triunfo. Você sempre pertenceu às batalhas, e talvez seja lá onde sua alma sempre encontrará propósito.

Quanto a mim, minha prisão dourada já não é uma terrível sentença. Aos poucos, torna-se um caminho aceitável. As pessoas falam demais, distorcem verdades e fazem tempestades onde há apenas brisas passageiras. Filippo é paz e segurança. Ele me oferece estabilidade, e eu aceito isso.

Não há por que se preocupar comigo. Meu destino foi selado, e estou em paz com isso.

Se há uma dor que me assombra, é apenas a certeza de que, em outra vida, talvez, em outro tempo, poderíamos ter sido. Mas nessa, meu amor, já não há espaço para nós.

Pra sempre sua, nem que em uma outra vida.

Irina Santtorini.

A carta, selada com o brasão dos Santtorini, era bela e impecável, mas carregava consigo uma resignação amarga. Vlad a leu uma, duas, três vezes, os olhos âmbar se estreitando a cada linha. A caligrafia dela era desenhada nas entrelinhas, as palavras dela carregavam um peso que ele conhecia bem — uma verdade abafada por um discurso ensaiado.

Ela não estava feliz.

Ela apenas havia aceitado.

E Vlad jamais aceitaria que o amor de sua vida não estivesse feliz, com ou sem ele.
Lume Lavoie
Enviado por Lume Lavoie em 01/03/2025


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras