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Manifesto Cósmico de um Ser Cansado
Hoje tem alinhamento planetário, sabia?
"Para a ciência, um evento astronômico; para nós, jovens místicos entediados, o evento do século" Uma brecha no espaço-tempo para fugir rumo ao conhecido-desconhecido que chamamos de lar. E o que me parece justo é desdenhar com certo desespero, uma resignação cósmica ao existencialismo tragicômico que me lembra quão falido está este roteiro. Que seja. E pela falta de senti-r-(do), — digamos que é arte — lancemos ao universo um suplício, arrastemo-nos como vermes na lama, felizes por estarmos aqui, e ainda se formos pra lá. *Manifesto Cósmico de um Ser Cansado* Eu sou o que foi, o que será, e essa porra toda no meio. Sou o grão de poeira estelar tentando fingir que boleto é destino, que a matéria é morada, que a carne e os ossos são tudo o que há. Fiz tudo certo. Ou quase. Joguei conforme as regras, aceitei as missões diárias, assinei os contratos cármicos, quebrei outras milhares de vezes, e assim sucessivamente. mas em algum lugar do código fonte, algo grita: "Isso aqui não é casa." Se houvesse um botão de escape, um atalho para o real, eu apertaria sem piscar. Porque não há amor, promessa ou embriaguez de prazer que me faça esquecer o quanto essa realidade fede a ensaio mal-feito. Mas eis a ironia: ainda assim, eu fico. Porque ficar é a opção padrão, é o que conheço nesse questionável nível de consciência. e porque talvez a resposta não esteja no ir, mas no lembrar. Talvez eu já tenha saído de "casa" esquecido o caminho de volta, talvez tudo isso seja só um eco da saudade de mim mesma, uma ponte invisível entre o que fui e o que ainda posso... ser? Então respiro, desfaço os punhos cerrados, e deixo o vento soprar pelos espaços que ainda me faltam — me faltam muitos — continuemos. E no fim, se nada disso, importa, pelo menos eu tentei, existe uma centelha divina na esperança de tentar, é o fio de prata que liga a arte a vida. Se nenhuma nave mãe essa noite vier me buscar, dizendo "entra ai mana, se perdeu tempo demais" Bem, pelo menos eu deixei o chão limpo, Fui funcional, fiz o meu papel, e fingi com maestria. Pelo menos, eu acho. "That’s all, folks!"
Lume Lavoie
Enviado por Lume Lavoie em 01/03/2025
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